E se de repente um grupo de amantes do teatro se juntassem em redor da sua paixão comum e colocassem em cena uma peça divertida, despretensiosa e capaz de cativar o público? Foi isso mesmo que fez o grupo de teatro amador Van Bach Arte e Teatro actualmente em cena no Teatro da Malaposta, em Odivelas, com a peça “O Segredo do Diamante”, um texto de Fernando Terra, que também encenou a peça, e que estará em cena para as duas últimas exibições ao público este fim-de-semana, nas noites de sexta-feira e sábado, às 21h45.
No palco do Café-Teatro do Malaposta, um centro de Cultura por vezes esquecido quando afinal está bem à porta da cidade de Lisboa, este grupo amador da arte cénica proveniente de Mafra, formado por pessoas que um dia se reuniram para aprender teatro e que, de repente, viram-se na necessidade de apostarem elas próprias no teatro depois da escola ter fechado portas, perante cerca de seis dezenas de espectadores em cada sessão, número limitado aos lugares da sala, a proposta é descobrir “O Segredo do Diamante”, um segredo guardado por Olga, uma idosa senhora, matriarca de uma família de parcos ou nulos recursos, que antes de cumprir o seu destino e morrer revela o segredo mais bem guardado da sua vida: um dos maiores diamantes do mundo.
Após a revelação da existência do diamante, a velha Olga morre e tomar posse do diamante passa a ser o objectivo de toda a família, mais ou menos próxima, quer do filho e da neta, porventura os herdeiros legítimos, mas também das irmãs da falecida que rapidamente aparecem assim que lhes “cheira” a tão grande herança.
No meio da trama, o empregado da família, ou melhor, o mordomo como ele insiste em ser tratado, recusando a classificação de empregado, acaba por ser o guardião, não do diamante, que desaparece logo após a morte de Olga, mas da própria família, acompanhando a chegada das tias interesseiras e assistindo à intervenção de uma detective que tem a missão de descobrir o paradeiro do diamante e a verdadeira causa da morte da matriarca.
Pelo meio, um alegado agente funerário que vem tratar das cerimónias fúnebres, ou da ausência destas por não haver dinheiro para as pagar, acaba por ter um papel determinante na história, pintada de peripécias várias numa teia de interesses que deixamos que descubra assistindo a esta peça no Centro Cultural Malaposta.
Com ritmo, piadas simples mas conseguidas e capazes de colocarem vários sorrisos no público, que responde aqui e ali com algumas gargalhadas, particularmente sonoras quando dadas pelos mais novos que se divertem ao perceberem algumas referências mais brejeiras, “O Segredo do Diamante” acaba por ser revelado entre sorrisos ao público que consegue retirar dali uma excelente dose de boa disposição, numa peça que o canal LusoCultura recomenda.
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Em palco, Beto Fonseca, ele que assume o papel do mordomo Roberto Carlos mas também do agente funerário, e Cesaltina Pinto, que tem a seu cargo a matriarca Olga mas também a personagem de uma das tias, actuam lado a lado com Edgar Silva, Joana Azeiteiro, Silvina Anjos e Sónia Cerveira, ao longo de pouco mais de uma hora de boa disposição e uma visível paixão pelo teatro.
Antes mesmo de abrir o pano para uma das recentes actuações, fomos conversar um pouco com Beto Fonseca que nos deu conta de como surgiu esta paixão pelo teatro, mas também o projecto do Segredo do Diamante, e ainda com Cesaltina Pinto, uma senhora que descobriu ela própria um diamante dentro de si do qual não parece disposta a abrir mão: a paixão pelo teatro.
texto: Jorge Reis
fotos: Jorge T. Carmona
http://www.youtube.com/watch?v=KweYyCJcaKA
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