assembleia-republica2Duas das maiores vantagens do sistema democrático são a regular mudança dos detentores do poder e a existência de alternativas para que os eleitores possam escolher .

A primeira é primordial na garantia da minimização do perigo da existência de vícios, a segunda para que a escolha não seja só entre moscas, mas entre caminhos.

Em Portugal, os poderes local e regional têm sido bem exemplo da eternização de mandarins mais ou menos folclóricos, mas a lei, obviamente aperfeiçoável, já evoluiu para que a limitação de mandatos se torne efectiva. O caso da Madeira, em que o Presidente do Governo Regional já tem mais tempo de Governo que Salazar, é bem sintomático das entorses de que o sistema pode enfermar, por mais méritos que S. Exa. tenha.

Mas é na segunda que, na minha opinião, está entre nós a maior ameaça à existência de uma democracia efectiva. Os projectos que nos são apresentados pouco diferem, mais um grama menos um pingo de austeridade.

O único projecto estruturado que admite a não pertença à União Europeia é o do Partido Comunista, mas tem um lastro soviético que leva muitos a nem sequer o avaliarem. Ainda abominamos a Coreia do Norte, мистер Bernardino.

No resto da União, com ou sem euro, as alternativas estruturadas que têm surgido (e crescido), à esquerda e à direita, têm sido no mínimo eurocépticas, como o UKIP no UK, a Frente Nacional na França ou o Syriza grego. Apesar de tudo, dentro do sistema, o que parece bom.

Em Portugal a nossa história não confirma quaisquer brandos costumes, e as mudanças têm sido feitas sempre pela e com força, com a excepção do 25 de Abril, um oásis nas nossas guerras civis (D. Afonso Henriques, D. João I, 1640, Maria da Fonte, guerras liberais, República, etc.).

Temo que se o nosso sistema/partidos não se reformar por dentro, o nosso destino só se resolva à pancada.

Isto se a incompetência euro americana não levar a que a crise russo-ucraniana ou a situação no Iraque nos arrastem para uma guerra de reconfiguração imperial, o que tornará a questão interna irrelevante.

Já estivemos mais longe.

DiogoACorreia

Diogo A. Correia

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