Quando, a 10 dias da abertura da Cidade do Rock no Parque da Bela Vista, fomos convidados a visitar o recinto que irá receber a nona edição do Rock in Rio Lisboa, a azáfama era evidente, bem assim como o entusiasmo dos elementos da organização deste festival de verão, nomeadamente a sua responsável máxima, Roberta Medina, que deu conta do trabalho que tem vindo a ser feito para a concretização de um evento sustentável que deverá atrair dezenas de milhar de festivaleiros a cada um dos quatro dias do evento em redor de um cartaz recheado de nomes mais ou menos sonantes da música internacional.

Depois de uma apresentação à Imprensa onde foram feitos alguns apelos já normais deste evento, nomeadamente o pedido para que os festivaleiros possam deslocar-se de e para o Rock in Rio nos transportes públicos, para uma menor pegada ambiental em redor do recinto verde como é o Parque da Bela Vista, ficou a saber-se que a Galp, na condição de parceira deste festival de verão, irá compensar a totalidade das emissões de carbono associadas à realização da edição deste ano do Rock in Rio.

A estratégia da energética, patrocinadora principal do festival, será concretizada através de um investimento superior a 150 mil euros distribuídos por dois projectos que promovem a captura e redução de emissões de carbono: um em Portugal, na zona envolventeaos Passadiços do Paiva, e outro em África, mais propriamente na Nigéria. Em conjunto, aqueles dois projectos permitirão compensar aproximadamente 14 mil toneladas de CO2 emitido para a atmosfera, ou cerca do dobro da pegada carbónica associada à realização do Rock in Rio, de acordo com cálculos da PwC, num estudo que analisou a totalidade das emissões do evento em edições anteriores (excluindo food & beverage e brindes).

Máquina oleada com tempo

Atarefados  mas com sorrisos a marcarem presença nos rostos, os diversos elementos com quem nos cruzámos nos diversos palcos em acções de montagem dos mesmos davam conta de um conhecimento afinal já profundo relativo às necessidades dos diferentes espaços no largo espaço do Parque da Bela Vista. Todo o projecto começou a ser negociado no final de 2021, facto que, segundo nos confesso fonte da organização, ajudou a que tudo fosse preparado com tempo e sem quaisquer ameaças de recuo.

Ao contrário aliás do que chegou a acontecer em anos anteriores, quando a pandemia colocou tudo em causa, para esta edição, e a partir do momento em que se decidiu avançar, nunca houve dúvidas de que seria para avançar efectivamente na organização desta edição de 2022 do Rock in Rio Lisboa.

Os custos, porque as decisões foram tomadas com tempo, conseguiram ser bem planeados, mesmo para “levantar” um festival para o qual a mão de obra tem sido a cada edição mais escassa. Certo é que o optimismo brasileiro da organização acabou por prevalecer face a algum pessimismo (ou cepticismo) natural dos portugueses.

Os encargos com os contratos das bandas que irão estar no Rock in Rio, quase todas elas pagas em dólares, aumentaram face à recente desvalorização do euro verificada ao longo do corrente ano, mas não foi isso que colocou areia na engrenagem de um evernto que está quase pronto para abrir os diversos palcos no próximo dia 18 do corrente mês de Junho.

Nomes como os Muse, Liam Gallagher, The National e Xutos e Pontapés, só para referir os cabeças de cartaz do primeiro dia do festival no Palco Mundo, justificarão certamente a primeira enchente na Cidade do Rock, com os festivaleiros a terem em atenção os restantes palcos como o Galp Music Valley, o Rock Your Street ou o Palco Yorn.

Para tudo isto, as portas do maior festival de música e entretenimento do mundo voltam, finalmente, a abrir ao público para uma edição icónica - a 9.ª da história do Rock in Rio em Lisboa. O reencontro está marcado para os dias 18, 19, 25 e 26 de junho, no Parque da Bela Vista – local que acolhe o festival desde a sua primeira edição no país, em 2004 - com mais música, novos espaços e conteúdos, num total de 14 horas de experiências de entretenimento por dia.

Cidade do Rock está viva há 18 anos

Nestes 18 anos, mais de 2.570.000 pessoas passaram pela Cidade do Rock para assistir às atuações de mais de 1.000 artistas, entre bandas, DJs, bailarinos e artistas de rua. Este ano, o festival regressa para lembrar que “o mundo vai ser nosso outra vez”, celebrando a vida ao vivo com dezenas de concertos, apresentações e performances live espalhados por 18 espaços de entretenimento, entre os quais sete palcos.  Além do Palco Mundo, por onde passarão astros como Muse, Duran Duran, a-ha, Black Eyed Peas, Ellie Goulding, Post Malone, Anitta, Jason Derulo, entre outros, o festival apresenta um novo Galp Music Valley, com um novo conceito e uma nova cenografia, trazendo para o presente os desafios das Cidades do Futuro. Aqui apresentam-se nomes como Ney Matogrosso, Izal, Linda Martini, The Black Mamba, António Zambujo, José Cid, Bárbara Tinoco, Iza, Moullinex & Xinobi, Mundo Segundo & Sam The Kid, entre tantos outros. É, também, aqui que se localizam as Somersby Pool Parties que vão animar (e refrescar) as tardes de verão, ao som de vários DJs. 

Nova está, também, a Rock Your Street, esta edição dedicada à Pluralidade e com nomes tão distintos quanto diversos, desde Jupiter & Okwess, Bombino, Sara Correia, Esperança - Paulo Flores & Prodígio, Bruno Pernadas, Magdalena Bay, Omar Souleyman; Arooj Aftab; Francisco, El Hombre, Idiotape, Johnny Hooker, Titica, entre outros. E se aqui se fala de mundo, no Palco Yorn vai iluminar-se o talento dos bairros do país. Uma proposta repleta de nomes da cena urbana, com curadoria da Chelas é o Sítio – encabeçada por Sam the Kid – que levará a palco nomes como 9Miller, Eva RapDiva, Malabá e talentos emergentes oriundos de diferentes zonas. 

Num mundo que já é digitalizado, o Super Bock Digital Stage vem falar-nos dos desafios que daí advêm e levar a um palco verdadeiramente interativo alguns dos maiores fenómenos deste universo, desde os mais recentes – como TikTokers – a nomes que já eram virais antes de se usar essa expressão como Toy. Aqui haverá música, dança, muito humor, podcasts e, acima de tudo, criação de (muito) conteúdo, ao vivo. 

A tour pela Cidade do Rock ainda só vai a meio. Esta edição há um novo espaço que fará as delícias dos foodies – e não só. É no Continente Chef’s Garden que o festival “levanta a bandeira” da Alimentação Sustentável, reforçando o seu compromisso com o zero desperdício alimentar e com a aposta em produtos nacionais e sazonais e produtores locais. Há conceituados chefs portugueses a servirem menus especialmente criados para o festival – como Justa Nobre, Miguel Castro e Silva, Noélia Jerónimo e Vítor Sobral – mas, também, um palco (Chef’s Stage) onde serão servidas largas doses de entretenimento com concertos, showcookings, DJ sets e momentos em que Ljubomir Stanisic sobe a palco para receber vários convidados e provocar conversas. A oferta de restauração da Cidade do Rock não se fica por aqui e há mais 23 pontos de alimentação, 4 pontos de gelados, 4 pontos de café e 19 bares espalhados pelo recinto. 

Mas falar de entretenimento hoje em dia, é falar também de Gaming. Aquela que já é uma das mais relevantes indústrias volta a estar presente no festival com uma nova Game Square. Não faltarão jogos para todas as idades e feitios, desde áreas de experimentação retro, a propostas mais recentes, assim como um palco (Worten Game Stage) que vai receber alguns dos maiores nomes do panorama Gaming nacional. 

A acompanhar tudo isto ainda há um ESC Online Sports Bar, uma nova Roda Gigante PiscaPisca com cabines tematizadas e várias surpresas/prémios, o famoso 7Up Slide e o estreante Family Tour – um circuito de entretenimento a pensar nas famílias, com várias atividades para todos. A área VIP, o Premium Club e os Rooftops complementam os espaços da Cidade do Rock, assim como os mais de 42 espaços de ativação de parceiros que todos os dias vão oferecer inúmeras atividades e brindes, com mais de 30 opções diferentes entre as quais o icónico sofá da Vodafone; chapéus, tiaras e saias luminosas da GALP; capas de smartphone; tatuagens temporárias; bolsas de cintura; os já famosos peluches do Sapo; leques; binóculos; bolinhas de sabão; iô-iô; bóias; power bank; tote bags; entre muitas outras. Há, também, prémios como uma viagem à Costa Rica oferecida pelo BNP Paribas. 

Acreditando que o futuro se constrói hoje, o Rock in Rio pretende ainda reforçar, com este regresso ao Parque da Bela Vista, o seu compromisso em ir ainda mais longe. Nesse sentido, em setembro de 2021 lançou um conjunto de metas de sustentabilidade até 2030 que visam aumentar o seu impacto positivo nos pilares social, ambiental e económico. Alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável promovidos pela ONU, estas metas começam já a ser concretizadas na edição prestes a começar, e propõem-se, ao longo dos próximos anos, a formar 100 mil pessoas, ser 0% de resíduos em aterro, ter zero desperdício alimentar em todas as edições, envolver 100% dos stakeholders na sua política de sustentabilidade, ser um evento 100% acessível, inclusivo e plural, e garantir todas as condições de segurança, saúde e bem-estar adequadas a 100% dos envolvidos na construção da Cidade do Rock.

Entre as medidas que o festival já adota há várias edições, entre as quais a gestão de resíduos, plataformas de mobilidade condicionada, inclusão de jovens com deficiência na equipa do festival (entre várias outras), esta edição o Rock in Rio traz algumas novidades sustentáveis entre as quais serviços dedicados a pessoas surdas e pessoas cegas (como Língua Gestual Portuguesa nos palcos e mapas táteis, entre outras); garrafas de água de plástico 100% reciclado, juntamente com uma forte campanha de recolha dessas mesmas garrafas para reciclagem; mais bebedouros espalhados pela Cidade do Rock, com um total de 25 pontos; contentores de Orgânicos entre o público para diminuir o lixo indiferenciado e aumentar a compostagem (feita há várias edições na zona de catering); reaproveitamento de toda a relva sintética do recinto; novos espaços para mobilidade condicionada; caixas da Telepizza totalmente recicláveis; redução de 18 para cinco geradores (o que representa uma diminuição de consumo de 125L de combustível por hora); um estudo sobre diversidade que será levado a cabo durante o evento; e, ainda, uma nova coleção de copos reutilizáveis, de plástico 100% reciclado e neutros em carbono, com 10 versões diferentes num conjunto alusivo aos vários temas e conceitos explorados na Cidade do Rock.   

O “pontapé de saída” para este evento acontecerá já no próximo dia 15, quando for realizado no Parque da Bela Vista um ”ensaio geral” deste festival de verão, um derradeiro acerto de toda a estrutura onde o LusoNotícias marcará presença para lhe contar como foi, e como vai ser. É que afinal, usando a máxima que é já conhecida de todos, vem aí o Rock in Rio e... Eu Vou!

texto: Jorge Reis
fotos: Diogo Reis
LusoNotícias
Pin It