Em cerimónia solene realizada no Auditório do Casino Estoril, foram entregues na passada terça-feira pela Estoril Sol os Prémios Literários e de Cidadania Cultural instituídos por esta entidade aos escritores Teresa Veiga e Marco Pacheco e à pintora Graça Morais.
Em causa neste evento estava a entrega do Prémio Vasco Graça Moura - Cidadania Cultural a Graça Morais, e dos Prémios Literários Fernando Namora e Agustina Bessa-Luis, instituídos pela Estoril Sol, e referentes a 2022, respectivamente, a Teresa Veiga e Marco Pacheco. Guilherme d’Oliveira Martins, Presidente do Júri dos Prémios da Estoril Sol, presidiu a este importante evento que contou com a presença de numerosas personalidades ligadas às Letras e às Artes e que teve Mário Assis Ferreira, o Presidente da Estoril Sol, como anfitrião de todo este prestigiado evento.
No enquadramento das obras vencedoras, Guilherme d’Oliveira Martins analisou o romance “O senhor d`Além”, de Teresa Veiga, vencedor do Prémio Fernando Namora, realçando que “a sobriedade estilística da autora é exemplar enquanto modo de entender a escrita artística, estruturando um romance cuja legibilidade chama o leitor a participar na própria narrativa que está a ler.”
“Quer pela notável capacidade de observar e descrever, quer pela tranquila inventividade, quer pela admirável economia da narrativa, é um romance que constitui um elogio à arte de bem escrever”, disse.
Já sobre Marco Pacheco, que foi galardoado com o Prémio Revelação Agustina Bessa Luís, Guilherme d’Oliveira Martins sublinhou que a obra vencedora, “A Guerra Prometida”, “é um romance que, partindo da acção empresarial e social de carácter inovador de Francisco Grandella, constrói uma história familiar e pessoal de grande alcance humano”.
Em relação à vencedora do Prémio Vasco Graça Moura, o Presidente do Júri enfatizou: “Com extraordinária coerência, Graça Morais traz-nos na sua obra uma permanente entrega aos outros, às tradições e à natureza. E é o reino maravilhoso de Torga a grande matéria-prima.”
“Como afirmou José-Augusto França, perante os valores inéditos da religião e do mito, a pintura da artista é forte e seca. Há uma especial originalidade, que resulta do confronto com a aspereza do meio, ora dura ora serena, ora lírica, ora dramática, terra e luz. É a mulher que se exprime, solidária com as outras mulheres, corajosamente empenhada num apelo constante à dignidade”.
A palavra dos premiados...
Por sua vez, no uso da palavra, Graça Morais referiu: “Agradeço às pessoas e instituições do meu país que continuam a apoiar e premiar artistas e escritores que lutam com tantas dificuldades, num mundo que está cada dia mais contrário à criatividade e à cultura. A vida, o homem e a criatividade continuam a ser um mistério. Precisamos lutar contra a ignorância e a maldade”.
Com uma curta intervenção, Teresa Veiga, vencedora do Prémio Fernando Namora, afirmou: “É uma honra receber este prémio que tem o nome de um dos mais notáveis escritores da sua geração”. E enfatizou, “eu sou, apenas, uma contadora de histórias que escreve por prazer pessoal”.
Já Marco Pacheco, profissional da área do marketing e da publicidade, num discurso de 12 minutos, como fez questão de enfatizar, ele para quem os textos medidos ao segundo sempre foram uma obrigação profissional, explicou que a sua obra “A Guerra Prometida”, “tem uma parte autobiográfica, uma parte que tem a ver comigo e com uma altura especialmente complicada e intensa da minha vida, que foi a adolescência.”
Desde que comecei a experimentar textos de ficção, esse sempre foi o tema que me interessou, queria usar a escrita para perceber melhor o que se passa no cérebro quando ele começa a entender o mundo e, ao mesmo tempo, começa a desconfiar dele”, explicou.
Estoril Sol mantém aposta na Cultura e Artes Cénicas
Na abertura da cerimónia, o Presidente da Estoril Sol, Mário Assis Ferreira, deu conta da importância que tem a Cultura para a entidade a que preside. Como fez questão de referir, “no que à Cultura respeita, a Estoril Sol há muito que escolheu o seu caminho, ao lançar com carácter regular, uma panóplia de Prémios Literários, abrangendo tanto romancistas consagrados como revelações, a par de uma actividade multidisciplinar que inclui as Artes cénicas, a Música, as Artes Plásticas ou a “Egoísta”, essa revista que ganhou um estatuto único como publicação de culto.”
“Com estes pergaminhos − que enquadram o nosso orgulho como Empresa, e que se impuseram, mau grado as muitas adversidades e desafios que connosco se cruzaram −, a Estoril Sol sentiu sempre este investimento cultural recompensado, como o comprova a cerimónia que nos reúne neste Auditório.”
“A aposta na Cultura e nas Artes Cénicas continua a nortear a Estoril Sol, qual conceito original de que nos orgulhamos e que fez a diferença, comparativamente com aquilo que era a prática seguida neste segmento de actividade. Dos Prémios Literários à Galeria de Arte e às Artes Plásticas − ou à revista “Egoísta”, merecedora de uma vasta lista de prémios nacionais e internacionais −, é impressiva a panóplia de iniciativas de natureza cultural a que a Estoril Sol se obriga, como matriz do seu modelo conceptual. Pois que, a promoção da Cultura é uma “marca de água” que há muito nos acompanha e à qual nos queremos manter fiéis”, concluiu Mário Assis Ferreira.
LusoCultura
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