Em jogo disputado no Estádio da Luz perante mais de 62 mil adeptos, Benfica e Sporting empataram (2-2) o dérbi eterno do futebol português com o Sporting a estar por duas vezes em vantagem no marcador mas a consentir sempre que o Benfica fosse atrás do resultado repondo a igualdade. Em ambiente de festa no recinto dos encarnados, ainda a deslubrar os adeptos com a nova iluminação instalada no recinto benfiquista e os dois ecrãs gigantes com uma excelente definição das imagens oferecidas para o público, as duas equipas entraram em campo com os seus melhores “onzes” capazes de proporcionarem o melhor espectáculo, mas também capazes de se equilibrarerm entre si, o que se reflectiu no resultado final da partida.

Olhando para as escolhas dos dois técnicos, Roger Schmidt, com o seu Benfica a jogar em casa, deixou ainda de fora os dois reforços que assinaram esta semana pelo clube da Luz, Tengstedt e Schjelderup que, embora já inscritos junto da Liga de Clubes, assistiram ao clássico a partir das bancadas do Estádio da Luz. Assim, o “onze” benfiquista tornou-se particularmente previsível, com Vlachodimos na baliza, Bah, António Silva, Otamendi e Grimaldo na defesa, Enzo e Florentino no meio do terreno, e uma linha de três elementos — Rafa, João Mário e Aursnes — atrás do ponta de lança Gonçalo Ramos. Depois, como opção, começaram o jogo no banco de suplentes Helton Leite, Lucas Veríssimo, David Neres, Chiquinho, Gil Dias, Musa, João Neves, Morato e Draxler.

Já do lado do Sporting, e sem poder contar com Morita, o único elemento lesionado no grupo de trabalho leonino, o técnico Ruben Amorim chamou a jogo o guarda-redes Adán, um trio de centrais formado por Gonçalo Inácio, Coates e Matheus Reis, ainda Porro e Nuno Santos nos corredores laterais, com Ugarte e Pedro Gonçalves no “miolo” atrás de Edwards, Trincão e Paulinho mais sobre a grande-área do Benfica. Como opções para poder lançar durante o jogo, Amorim contava ainda com Franco Israel, St. Juste, Tanlongo, Arthur, Esgaio, Marsá, Jovane Cabral, Chermiti e Mateus Fernandes.

Depois dos formalismos relativos ao início do jogo, numa partida em que o novo seleccionador nacional, o espanhol Roberto Martinez, teve lugar de destaque nas bancadas para assistir ao dérbi, e o argentino Enzo Fernandéz foi aplaudido pela conquista do título mundial pela sua selecção, como já acontecera com Otamendi no jogo anterior do Benfica, foi altura para que as duas equipas se apresentassem com as pedras de xadrez bem colocadas sobre o tapete verde do relvado da Luz, começando por esgrimir argumentos, com o objectivo da conquista dos três pontos a pautar o jogo de uma e outra equipa. E a verdade é que começou por ser o Sporting a ter mais bola, conseguindo jogar sobre o meio-campo dos encarnados que não conseguiam encontrar o seu fio de jogo.

Apenas ao minuto 20, e depois de uma excelente jogada por Enzo, João Mário conseguiu aparecer em posição de remate levando a bola em força mas à figura do guardião leonino. Logo depois foi Rafa a rematar forte para nova defesa de Adán, com o Benfica finalmente a conseguir abrir espaços na linha média do Sporting e com isso criar oportunidades de remates mais enquadrados com a baliza à guarda de Vlachodimos. Ao minuto 27, porém, o Sporting conseguiu virar o jogo em transição para o meio-campo contrário, Porro, pelo seu corredor, ultrapassou Grimaldo, endossou a bola para Edwards e este, no meio de vários jogadores, conseguiu ainda assim colocar a bola em Trincão que desviou a bola para a baliza do Benfica, aparecendo Bah a dar um toque final e a assinar com um auto-golo o primeiro golo deste clássico entre águias e leões.

Estava aberto o marcador e a favor da equipa visitante que se colocava assim em vantagem frente ao Benfica. So que a resposta dos encarnados viria pronta, ainda antes do intervalo, ao minuto 37', com um golo de Gonçalo Ramos. Antes, Grimaldo ainda procurou afinar a pontaria na cobrança de um livre directo, mas sertia o número 88 do Benfica a repor a igualdade, depois de um lance em que Bah cruzou para a área, Matheus Reis ainda travou a trajectória da bola mas esta sobrou para Rafa, que, junto à linha, cruzou para um desvio subtil de Ramos na cara de Adán. Estava assim reposta a igualdade com que se atingiria o descanso na partida.

Empate ao intervalo para novo empate no final

Para o segundo tempo, nenhum dos técnicos mexeu nas respectivas equipas pelo que o marcador voltaria a sofrer mudanças ainda com as estruturas originais das duas equipas. ao minuto 49, quando Paulinho tentou entrar na área do benfica com a bola controlada, acabou por ser derrubado por um toque de António Silva, um lance que inicialmente passou em claro para o árbitro Artur Soares Dias, mas que que mereceu do VAR uma chamada de atenção junto do árbitro.

Depois de quase cinco minutos de análise das imagens, Soares Dias acabou mesmo por assinalar o castigo máximo, acabando por ser Pedro Gonçalves “Pote” a conseguir novo golo que colocava o Sporting de novo em vantagem no marcador.

O Benfica voltou a agarrar o jogo, correu em busca de novo golo que permitisse a igualdae, e acabou mesmo por conseguir os seus intentos, uma vez mais por Gonçalo Ramos, que bisou assim nesta partida. Jogada pelo corredor esquerdo do ataque dos encarnados e Aursnes a conseguir encontrar Grimaldo que, com um cruzamento preciso para a frente da baliza do Sporting, encontrou o jovem camisola 88 tendo este apenas que encostar a bola para dentro da baliza de Adán. Estava reposta a igualdade, agora a dois golos, num jogo em que o Benfica parecia mais afoito e a jogar mais perto da baliza contrária.

Ruben Amorim corrigiu algumas falhas da sua equipa, fez entrar St.Juste para o eixo da defesa por troca com Matheus Reis, isto já depois de David Neres ter entrado por troca com Aursnes na equipa benfiquista. Mais à frente, ao minuto 78', Chermiti e Arthur refrescaram a frente de ataque do Sporting ocupando os lugares de Paulinho e Edwards, tendo ainda havido tempo para a entrada de Jovane por troca com Trincão, ao minuto 89'. Já do lado do Benfica, apenas mais uma mudança, concretizada já nos minutos de compensação da partida com a entrada de Chiquinho para o lugar de Rafa Silva.

Certo foi que o marcador não sofreu mais qualquer mudança, acabando as duas equipas por dividir pontos, ficando agora o Benfica na liderança do campeonato mas apenas a quatro pontos do Sporting de Braga e a cinco do FC Porto, que nesta jornada venceu o Famalicão (4-1) continuando o Sporting na quarta posição a 12 pontos dos encarnados e com o Casa Pia no quinto posto cada vez mais perto da turma de Alvalade.

Empate justo no Estádio da Luz, com o Benfica a espaços a fazer mais pelo triunfo, mas frente a um Sporting que esteve duas vezes em vantagem no marcador e que mostrou ter futebol para fazer mais do que aquilo que a classificação no campeonato da I Liga o indica. Quando ao Benfica, que correu sempre atrás do prejuízo, deu conta de estar ainda longe do momento de forma que evidenciou antes da interrupção para o Mundial do Qatar, havendo agora a curiosidade de saber como irão entrar na equipa os dois reforços já contratados nesta janela de mercado de transferências, os nórdicos Tengstedt e Schjelderup. Dos que jogaram nesta partida, Rafa ficou muito abaixo do que já mostrou no passado e Enzo, apesar de ter procurado sempre a bola, deixou claro que ainda não está ao nível que já mostrou neste Benfica de Roger Schmidt.

Gonçalo Ramos, o ponta de lança do Benfica, com os dois golos faturados neste jogo, volta a liderar a tabela de melhores marcadores do futebol português, ele que foi considerado nesta partida o homem do jogo pela forma assertiva como se posicionou no terreno a concretizar as oportunidades de que dispôs de golo para o Benfica.

texto: Jorge Reis
fotos: Luís Moreira Duarte

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