Foi apresentado esta segunda-feira na Academia do Benfica, no Seixal, o técnico Jorge Jesus enquanto novo treinador dos “encarnados” para as próximas duas épocas, uma contratação relativamente à qual o próprio promete “muito trabalho para um o Benfica vencedor”, frisando que vem para o Benfica porque acredita no projecto, acredita “no presidente a cem por cento e no projecto que o presidente tem para o Benfica.”
“Vim para ganhar, estou habituado a ganhar, mas também vim para unir a Nação Benfiquista”, acrescentou Jorge Jesus, deixando logo de seguida bem claro que a recusa da ideia da chegada ao clube da Luz visar o seu final de carreira: “Não vim para o Benfica para me reformar! O presidente do Benfica ofereceu-me quatro anos de contrato e eu disse 'não quero presidente, quero um ano de contrato'! Disse-me então para ser no mínimo dois anos e só assim aceitei.”
Levantando o seu tom de voz e fazendo questão de se afirmar hoje um treinador “completamente diferente” relativamente ao que era quando chegou pela primeira vez ao Benfica, Jorge Jesus esclareceu: “Não vim para o Benfica para melhorar o meu contrato salarial! Vim ganhar menos dinheiro do que ganhava no Flamengo! Vim para o Benfica porque acredito nesta nação! Recuperar o prestígio internacional que o Benfica teve durante muitos anos é fundamental...”
Curiosamente, Jorge Jesus recusou ser apontado como o salvador do Benfica e lembrou: “Salvador vamos ser todos, os benfiquistas e toda a estrutura que me vai envolver!”
Ultrapassadas as primeiras palavras de Jorge Jesus enquanto treinador do Benfica, foi tempo do técnico responder aos jornalistas presentes no Seixal, tendo Jorge Jesus reforçado que se o Benfica não jogar o dobro a equipa volta a não ganhar, prometendo assim que será feita “uma grande equipa que não vai jogar o dobro... vai jogar o triplo!”
Novos jogadores “sem ser em Portugal”
Questionado sobre o papel que os jogadores da formação irão concretizar no Benfica, Jorge Jesus lembrou que “todos os clubes em Portugal têm que fazer apostas na formação, porque os clubes portugueses são clubes vendedores”, mas a formação não será tudo como explicou: “O Benfica vai voltar a uma política que teve comigo: formação e ir à produra de novos jogadores sem ser em Portugal, fazendo uma simbiose, uma união de qualidade.”
Tendo saído de um paraíso como foi o Flamengo, Jorge Jesus frisou que “só uma pessoa e um clube” é que o poderiam ter tirado do Brasil: “Só podia ser o Benfica! Agora vou tentar conquistar outro paraíso porque é isso que me compete a mim e à minha equipa técnica!”
Ainda assim, e ao contrário do que já leu em alguma Imprensa, Jorge Jesus recusou a ideia de vir fazer “uma revolução”. “Não vim para o Benfica para fazer uma revolução. O que vou fazer é mudar ideias e mudar conceitos com as pessoas que estão cá, com os jogadores que estão cá, com a estrutura que está cá”, explicou Jorge Jesus que recusa ser hoje o mesmo técnico comparando à época em que deixou o clube da Luz: “Não sou o mesmo treinador que quando saí do Benfica. Sou diferente, acho que sou muito mais treinador que quando saí do Benfica. Acho que tenho ideias muito mais valorizadas, a linguagem do futebol vai ter que mudar e o Benfica tem condições para o fazer.”
“Eu sou muito conhecido. Agradeço a quem? Benfica! Agradeço a quem? Flamengo... mas também à minha capacidade de trabalho! Quando cheguei ao outro lado do Atlântico ninguém acreditava em mim e não eram sete milhões, eram cinquenta milhões, e quando eu saí de lá eles choraram por mim. É isso que eu vou tentar fazer no Benfica.”
“Campeonato é primeiro grande objectivo”
Quanto aos objectivos que transporta para o novo Benfica, Jorge Jesus começou por lembrar que para qualquer dos grandes clubes portugueses “o grande primeiro objectivo é sempre a conquista do Campeonato português”. “Depois – prosseguiu –, haverá que recuperar o prestígio internacional. As exigências deste clube também exigem isso, um Benfica internacional, um Benfica a jogar na Europa à Benfica.”
“Queremos ganhar tudo porque eu estou habituado a ganhar tudo. O que a gente pode prometer é confiança, compromisso, e queremos todos os adeptos do Benfica unidos por uma causa: o Benfica. Eu sou o treinador de futebol, mas não sou treinador de nenhuma equipa”, acrescentou Jorge Jesus afastando o clubismo das suas funções e procurando destacar o seu lugar pela posição profissional.
Apesar disso, Jesus reforçou a sua garantia: “Em todas as equipas em que trabalho, faço-o com convicção, com paixão, com amor e morro pelas equipas em que trabalho. É assim que eu penso!”
🎥 O discurso de JJ na apresentação como novo treinador do Benfica! pic.twitter.com/qplll51eRX
— SL Benfica (@SLBenfica) August 3, 2020
Luís Filipe Vieira promete “ciclo novo”
Na recepção ao novo treinador dos “encarnados”, o presidente Luís Filipe Vieira começou por garantir que “hoje começa um ciclo novo no Benfica”, assumindo uma garantia para o técnico Jorge Jesus: “Iremos fazer tudo aquilo que esteja ao nosso alcance para que a família benfiquista seja feliz nos próximos anos.”
E de uma forma curta e objectiva, Vieira resumiu o que pede ao novo treinador do Benfica: “Queremos ganhar na Europa!”
Já Luisão, antigo “capitão” do Benfica que agora assume novas funções de Director Técnico no grupo de trabalho do futebol do Benfica para a ligação da equipa à estrutura directiva do clube, em declarações à BTV, falou na possibilidade de ser recuperada a identidade para o futebol do Benfica que deverá ser capaz de produzir jogadores “à Benfica”.