Uma vitória clara e concludente do Benfica por 4-0 conseguida ao final da tarde deste sábado frente ao Feirense, em jogo da 11ª jornada da I Liga, poderá ter devolvido ao clube da Luz alguma tranquilidade depois de Rui Vitória ter sido “reconduzido” durante a semana como treinador dos “encarnados" pelo presidente do clube, Luís Filipe Vieira.
Até ao intervalo, porém, Benfica e Feirense mantinham um empate sem golos, e só no segundo tempo foi possível ver um Benfica a jogar de facto rápido e eficaz, chegando aos golos de uma forma mais ou menos tranquila para um triunfo num jogo em que os pupilos de Rui Vitória e o próprio técnico começaram sobre brasas, conscientes de que um desaire poderia ter resultados particularmente complicados para o futuro imediato do futebol do Benfica.
Como notas de destaque neste jogo, e nomeadamente do lado do Benfica, fica a chamada à titularidade de Jardel, que esteve fora da equipa a cumprir castigo e que voltou para o lugar de Conti, que de titular em Munique passou neste jogo a não convocado, mas também a chamada ao "onze" de Gedson para o lugar de Gabriel e de Zivkovic por troca com Cervi.
Além daquelas opções, nota ainda para o facto de Rui Vitória ter mesmo cumprido as promessas que havia feito na antevisão deste jogo, e que passavam pela convocatória de apenas 18 jogadores, e pela presença em campo antes de toda a sua equipa, para poder, ele próprio, aplaudir os jogadores no momento da entrada destes para o relvado, como fez desde a sua área técnica.
Por falar em aplausos, quem não quis nada com essa situação (ou quase), foram as claques do Benfica, que permaneceram durante quase todo o primeiro tempo em silêncio, com as bandeiras em baixo, sem qualquer sinal de apoio à equipa do Benfica, mesmo quando esta conseguiu alguns lances mais vistosos de ataque à baliza da turma do Feirense.
Curiosamente, apenas à passagem do minuto 30 as claques, nomeadamente os elementos na área normalmente ocupada pelos No Name Boys mas também, do outro lado das bancadas, o espaço dos Diabos Vermelhos, “acordaram” por instantes para gritarem pelo Benfica, mas quase de imediato caírem de novo em uma estranha letargia de que viriam final a acordar em definitivo apenas no segundo tempo, e ainda assim com um apoio neste jogo muito aquém daquele que costumam permitir aos jogadores “encarnados”.
Após um primeiro tempo sem golos, em que o Benfica revelou uma ausência de eficácia face a um Feirense que não criou qualquer oportunidade digna de registo junto da baliza de Vlackodimos, o jogo foi retomado para uma etapa complementar com a equipa da casa a surgir completamente diferente no que diz respeito ao comportamento, com velocidade, capacidade de troca de bola, lances pensados e consequentes e, mais importante do que todos os outros aspectos, com eficácia no momento da concretização.
Foi assim conseguido um primeiro golo logo aos 48 minutos, por Jonas, ele que neste jogo foi claramente o homem mais influente, não só pela forma como fez o golo que abriu a contagem mas também pelo modo como jogou e deu jogo aos seus companheiros, fazendo recordar o Jonas de outros tempos mais áureos no Benfica.
Depois do golo ao minuto 48, com Jonas a concluir com um toque de classe após um cruzamento de Grimaldo, o Benfica voltaria a adiantar-se no marcador ao minuto 57, num lance em que Rafa cruzou para a pequena área onde apareceu Bruno Nascimento, do Feirense, a tirar a bola do alcance do toque de Jonas que daria o golo, mas acabando ele mesmo por fazer o golo na própria baliza.
O Benfica podia finalmente adquirir tranquilidade, acabando por avançar para uma boa actuação, conseguindo mais dois golos, aos 68 e 89 minutos, respectivamente por Rafa e Seferovic, este último que entrara entretanto para o lugar de Jonas, substituído por Rui Vitória claramente para permitir para o avançado brasileiro o aplauso por parte dos mais de 44 mil espectadores que estiveram este sábado nas bancadas do Estádio da Luz.
O Benfica acaba assim por vencer por uma margem tranquila, permitindo aos adeptos do clube da águia festejarem a goleada, num jogo que terá servido, afinal, para retirar alguma da pressão na qual tem vivido o futebol do Benfica.
Rui Vitória, porém, não poderá estar tranquilo, até porque continuará no fio da navalha caso um desaire aconteça nos próximos jogos, seja já na próxima quarta-feira, quando o Benfica receber o Paços de Ferreira em jogo para a Taça da Liga, ou depois, no fim de semana, quando for a Setúbal visitar o Vitória em jogo da 12ª jornada. Sinal do “mau tempo” que ainda se mantém em redor das águias foi mesmo o comportamento completamente atípico por parte das claques, que deixaram claro que não estão totalmente com “este” Benfica.
O clube da Luz respira agora um pouco melhor, mantendo a distância para os seus adversários directos na corrida pelo campeonato, enquanto que o Feirense, que caiu redondo na segunda metade da partida, continua em zona de despromoção, o que deverá obrigar o técnico Nuno Manta Santos a trabalho redobrado para conseguir mudar o rumo dos acontecimentos para a sua equipa.
texto: Jorge Reis
fotos: Luís Moreira Duarte