O Sporting estreou-se com uma vitória esta sexta feira no primeiro jogo da edição de 2021/2022 da Liga Portugal Bwin, frente ao Vizela, por 3-0 no Estádio de Alvalade, com dois golos de Pote, o melhor marcador da ultima temporada, e o terceiro apontado por Paulinho, num jogo que deu conta de um Vizela apesar de tudo surpreendente. O triunfo leonino foi plenamente merecido, mas a verdade é que o conjunto vizelense, que esta temporada surge a jogar no primeiro escalão do futebol português depois de há dois anos ter estado no Campeonato de Portugal (III divisão), mostrou ser um conjunto muito bem construído e a jogar muito bem, mesmo contra o campeão nacional e apesar do resultado.

Decorridos 37 anos desde que deixou o convívio com os “grandes”, o Vizela regressou assim com bom futebol e a prometer lutar para se manter na I Liga que assim conheceu o seu “pontapé de saída” para a nova época, num jogo com três golos, com futebol de boa qualidade, e com a “novidade” permitida pelo regresso do público aos estádios, num jogo para o qual estava permitido o acesso de 17 mil espectadores para as bancadas do Estádio de Alvalade. Curiosamente, para este jogo acabaram por estar presentes em Alvalade apenas 9066 espectadores de acordo com indicações da Liga Portugal, um número abaixo das expectativas e para o qual poderá ter contribuído a dificuldade de implementação do cartão do adepto.

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Certo é que, ainda em contexto de pandemia, os limites da lotação ficaram muito longe de ser atingidos, para um jogo em que a equipa da casa não pôde contar com Nuno Mendes, que se lesionou após a conquista da Supertaça frente ao Braga, sendo por isso a única ausência dos leões relativamente ao “onze” do jogo passado, surgindo no seu lugar o estreante Ruben Vinagre, um dos reforços do Sporting para a presente época cedido a título de empréstimo pelo Wolverhampton. Foram assim a jogo o guarda redes espanhol Adán, os centrais Coates, Gonçalo Inácio e Feddal, os laterais Ruben Vinagre e Ricardo Esgaio que ficaram encarregues de fazer as alas, ainda no meio campo João Palhinha, Mateus Nunes e Pote, ficando mais na frente Jovane e Paulinho.

Os Vizelenses, que entraram em campo com um “onze” que alternava entre o 4x5x1 quando defendia que se “esticava” para 4x3x3 nas saídas ofensivas com bola, avançou para este primeiro jogo na I Liga com Charles Silva na baliza, quatro elementos na linha defensiva — Koffi, Marcos Paulo, Kiki Afonso e Ofori —, uma linha média onde pontificaram o americano de apenas 20 anos Alex Méndez, Raphael Guzzo e o português formado no Benfica Samu Silva, sempre apoiada pela linha mais adiantada do Vizela com Francis Cann, Cassiano e Kiko Bondoso.

E a verdade é que o Vizela jogou com personalidade ao longo da primeira parte e assinou mesmo algumas oportunidades para chegar ao golo, conseguindo mesmo a formação vizelense jogar no meio campo defensivo do Sporting, demonstrando que não pode ser julgada de modo nenhum como uma equipa fraquinha. A justificar esta ideia, à passagem do minuto 07', o Vizela conseguiu mesmo colocar a bola no fundo das redes da baliza de Adán, mas o golo foi anulado pelo VAR devido a posição irregular do ponta de lança Cassiano, a figura principal deste Vizela durante a primeira parte.

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No lado leonino, com o jogo a ser muito desenvolvido a partir das alas, Esgaio e Vinagre entraram também muito bem no jogo, tendo sido eles os autores das poucas oportunidades de perigo que o Sporting conseguiu realizar nos primeiros 10 minutos de jogo, entrando pelas laterais e cruzando para a área esperando um colega para finalizar para a baliza. Certo é que a finalização do Sporting não teve êxito, muito por mérito do guarda redes Charles, que várias vezes interveio com eficácia na primeira parte, mas mérito também da linha defensiva do Vizela.

À passagem da meia-hora do jogo, finalmente, era o Sporting que tinha tudo para se colocar em vantagem, fruto de uma grande penalidade assinalada na área de baliza do Vizela depois de um toque com o braço do central vizelense Koffi ao tentar cortar um remate de Paulinho. O castigo máximo foi assinalado, Jovane Cabral assumiu a responsabilidade da cobrança mas falhou a concretização, atirando a bola sobre a trave para a bancada do topo norte do Estádio de Alvalade. Mesmo tendo falhado, Jovane foi aplaudido pelos adeptos que reagiram positivamente, acreditando na sua equipa, frente a um Vizela que continuava a acreditar. Cassiano era por esta altura o elemento mais perigoso do Vizela, sempre bem guardado pelo central leonino Feddal que fez “a vida negra” ao ponta de lança visitante. Antes ainda do intervalo, Jovane Cabral voltou a falhar um bom lance ofensivo, desperdiçando assim duas oportunidades de golo que o terão deixado sair para o intervalo certamente frustrado.

Para a segunda metade deste jogo, o Sporting manteve o mesmo “onze”, acabando assim por ser do lado do Vizela que surgiram novidades, com a entrada de dois jogadores bem conhecidos do plantel leonino, Nuno Moreira e Tomás Silva, elementos que saíram do Sporting para o Vizela no recente mercado de transferências e que foram por isso cumprimentados pelos elementos do banco de suplentes da turma de Alvalade. Em termos práticos, contudo, foi o Sporting que entrou muito bem na etapa complementar, não demonstrando as fraquezas que demonstrou na primeira parte e mostrando um futebol mais fluido, nomeadamente na fase da finalização dos lances.

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A melhor fluidez ofensiva teve frutos logo dois minutos decorridos do reinício da partida quando, após um bom detalhe técnico de Paulinho que aguentou a bola e soube esperar pelo momento exato, o ponta de lança dos leões colocou a em Pote que, com um remate em arco, fez o 1-0 num golo de belo efeito.

Com o golo do Sporting o Vizela desestabilizou, o conjunto campeão nacional soube aproveitar esta desestabilização e controlou os minutos que se seguiram ao golo. O Vizela ainda tentou reencontrar-se, mas antes que garantisse o reequilibrio acabou por ser Pote quem, aos 62 minutos, voltou a fazer das suas. Na resposta a um cruzamento de Ricardo Esgaio a partir do corredor esquerdo, Pedro Gonçalves — assim se chama o verdadeiro “Pote de Ouro” dos leões — recebeu na grande área e não perdoou, assinando o segundo golo no jogo para os leões. Após este golo, Jovane Cabral, que não estava a conseguir um bom jogo, foi substituído por Nuno Santos, elemento que viria a brilhar pouco depois. Solcitado por Vinagre, Nuno Santos recebe a bola e executa um cruzamento perfeito para Paulinho, que só teve encostar para o fundo das redes do Vizela, fechando assim o marcador com o 3-0 nesta noite de abertura do campeonato em Alvalade.

Com este resultado, completamente justificado pelo melhor que jogou, nomeadamente no segundo tempo, o Sporting entra com o pé direito no campeonato da Liga Portugal Bwin para a defesa do título conquistado na época passada após os 20 anos de jejum que o clube de Alvalade teve e que conseguiu quebrar. Nota ainda para os dois golos de Pedro Gonçalves, ou “Pote” como é conhecido na tribo do futebol, ele que defende o título de melhor goleador do futebol português conseguido em 2020/2021.

texto: Diogo Reis/LusoGolo
fotos: José Lorvão/Sporting CP
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