À 22ª jornada da I Liga, a jogar em casa perante o seu público, o FC Porto caiu com estrondo aos pés do Gil Vicente, num jogo em que os dragões jogaram grande parte da partida com a equipa reduzida a nove jogadores, terminando a equipa visitante por vencer o jogo por um surpreendente 1-2, um resultado que poderia ter sido perfeitamente outro se o FC Porto tivesse sido um pouco mais eficaz e tivesse tido um pouco mais de sorte no jogo. Num jogo arbitrado pelo juíz Rui Costa e com Tiago Martins como VAR, a equipa azul e branca entrou em colapso quando apostou num jogo mais intenso, acabando por ter dois jogadores penalizados com duplo cartão amarelo e expulsos, isto num jogo em que o FC Porto até começou cedo a marcar, chegando ao golo inaugural do resultado logo ao minuto 4' por Mehdi Taremi.

No dia em que o capitão do FC Porto, o central Pepe, comemorou o seu 40º aniversário, o golo de Taremi tinha tudo para projectar o FC Porto para uma vitória tranquila, mas a verdade é que não foi de todo o que aconteceu. Depois do golo de Taremi, foi Pepê quem teve uma oportunidade de golo de baliza totalmente à sua mercê, aos 9 minutos, depois de uma assistência de João Mário. Contudo, Pepê atirou a bola por cima da trave quando os adeptos já se preparavam para festejar o segundo golo. Ao minuto 18 foi Namaso quem atirou a bola ao poste da baliza do Gil Vicente, e quem acabou por chegar ao golo foi mesmo o Gil Vicente, ao minuto 27, num lance concluído por Fran Navarro, jogador de quem se diz que será transferido para o FC Porto no final da época. Zé Carlos recebeu a bola junto à linha de fundo do lado direito e cruzou rasteiro para a eficácia do remate de Navarro. Estava feito reposta a igualdade com 1-1 no marcador.

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A partir daqui começaram os percalços para o FC Porto. Ao minuto 33' João Mário corta a bola com o braço num lance sobre a meia-lua da grande-área do FC Porto. O árbitro Rui Costa começa por assinalar a falta e mostra um cartão amarelo mas, alertado pelo VAR, fica a ideia de que o corte foi deliberado impedindo um lance de golo para a turma gilista e Rui Costa, depois de retirar o cartão amarelo, reverte a decisão para um vermelho directo passando o FC Porto a jogar com 10 elementos a partir do minuto 36'.

E como um mal nunca vem só, o FC Porto voltaria a ver o azar bater-lhe à porta no último minuto do primeiro tempo. Uribe comete uma falta sobre Boselli, o lance continua e o mesmo Uribe carrega Zé Carlos numa falta negligente que lhe vale um cartão amarelo. O jogo pára por esta altura e o VAR alerta Rui Costa para a necessidade de rever o lance da falta sobre Boselli, acabando o árbitro por assinalar uma grande penalidade contra o FC Porto que Murillo transforma para o 1-2 no resultado ao intervalo.

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O FC Porto foi assim para intervalo com a sua equipa reduzida a dez unidades e a perder frente ao Gil Vicente, cabendo ao técnico Sérgio Conceição a missão de motivar a sua equipa para a necessidade de inverter o rumo do marcador e do jogo. Só que perante a mais do que evidente Lei de Murphy, quando algo poderia correr mal correu mesmo mal, isto porque ao minuto 52' Uribe voltou a cometer uma falta de novo sobre Zé Carlos, vendo o segundo cartão amarelo depois de uma falta cometida sobre o mesmo jogador que lhe "permitira" o primeiro amarelo. Uribe acabou assim expulso deixando o FC Porto a jogar com nove elementos em campo, tendo a necessidade de inverter o resultado que lhe era por aquela altura desfavorável.

Curiosamente, a partir do momento em que ficou a jogar com uma vantagem numérica de 11 contra apenas nove, o Gil Vicente perdeu toda a iniciativa do jogo, deixando de pressionar e abdicando de atacar ou procurar o golo. De tal forma assim foi que o conjunto gilista, até ao final do jogo, não voltou a fazer qualquer remate direccionado à baliza contrário, revelando-se incapaz de jogar de forma minimamente eficaz contra um conjunto reduzido a 09 elementos. Aliás, o FC Porto, que passou claramente a dominar o jogo mesmo com dois elementos a menos, chegou mesmo ao golo, por Eustáquio, num lance que acabou anulado por fora de jogo do internacional canadiano.

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O jogo terminou sem mais golos, acabando o conjunto portista por ver os três pontos em disputa serem arrecadados pelos homens do Gil Vicente, perdendo o FC Porto na luta pelo título passando a ficar a oito pontos do seu rival directo, o Benfica, líder do campeonato. Já o Gil Vicente somou três importantes pontos para a fuga à despromoção, numa vitória que quase deixava escapar pelo seu futebol completamente incapaz quando se viu a jogar contra uma equipa de apenas nove elementos.

Porventura tão negativo quanto o facto de ter perdido estes três pontos na corrida para o título, está o facto de que não poderá contar na próxima partida da I Liga com dois elementos particularmente importantes como o são João Mário e Uribe, jogadores que irão ter que cumprir castigo depois de terem sido expulsos neste jogo. Talvez por isto, ou também por isto, o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, falou no fim do jogo aos jornalistas para deixar o apelo de que se acabe com o VAR, alegando que o FC Porto não se dirige aos árbitros nem os trata por tu — referência clara à contestação feita pelo presidente do Benfica, Rui Costa, ao árbitro Tiago Martins em Braga, no final do jogo dos encarnados frente à turma bracarense —, e defendendo que se o VAR é para ter critérios diferenciados, então “acabe-se com o VAR.”

texto: Jorge Reis
fotos: ©twitter
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