O Benfica venceu este sábado no Estádio do Dragão o FC Porto por um tangencial 0-1, fruto de um golo de Rafa ao minuto 72' depois de uma assistência magistral de David Neres já dentro da grande área dos dragões. Por essa altura o FC Porto às ordens de Sérgio Conceição já jogava apenas com 10 elementos, depois da expulsão de Eustáquio ainda no primeiro tempo, ao minuto 27' por acumulação de amarelos, situação que obrigou a equipa da casa a um maior esforço para manter o Benfica em sentido, algo que conseguiu a espaços mas sem resultados práticos, valendo para a equipa visitante a maior frieza do seu técnico que soube mexer no “onze” quando foi necessário vencendo um jogo que até permitiu a ideia de que estaria ao alcance dos azuis e brancos... não fosse o erro claro cometido pelo internacional canadiano Eustáquio que deixou a sua equipa com menos argumentos para se bater com o Benfica.

A bem da verdade, a expulsão de Eustáquio, que até mereceu a contestação de alguns jogadores do FC Porto — outra coisa não seria de esperar —, foi perfeitamente clara e sem deixar outra opção ao árbitro João Pinheiro. Depois de uma primeira falta de Eustáquio sobre Bah ao minuto 24, que o árbitro resolveu com a exibição de um primeiro cartão amarelo, o internacional canadiano do FC Porto simplesmente não podia cometer três minutos depois uma carga duríssima sobre o mesmo Bah, a qual, por si só, e reavaliada pelo VAR, poderia perfeitamente justificar por si só o cartão vermelho directo. João Pinheiro preferiu ainda assim mostrar o segundo amarelo que, em temos práticos, resultou no mesmo, o cartão vermelho para o jogador do FC Porto e a consequente redução da equipa portista a dez elementos.

Este “clássico”, à décima jornada, nada decidia em termos de campeonato, mas porque jogava em casa e porque partia
com três pontos de atraso era sobre o FC Porto que assentava a maior pressão pela necessidade de vencer

O médio portista Eustáquio viu dois cartões amarelos em três minutos, o segundo dos quais, se tivesse que ser avaliado isoladamente, deveria ter sido merecedor de um cartão vermelho directo o que deixaria de igual modo o FC Porto a jogar com 10 elementos

No arranque da partida o FC Porto mostrou-se mais pressionante frente a um adversário
que manteve a sua matriz de jogo procurando responder de igual para igual e sem receios

A partir daí o FC Porto começou na caça ao amarelo para os jogadores do Benfica, e a verdade é que ao intervalo eram já vários os elementos que tinham visto um primeiro amarelo e estiveram à beira até de ver um segundo amarelo, nunca por lances com a mesma gravidade e violência que este presente no segundo amarlo de Eustáquio. Bah, o jogador sobre quem o jogador expulso do FC Porto tinha cometido as duas faltas decisivas, mas também João Mário, Enzo Férnandez e Aursnes viram antes do intervalo o cartão amarelo e ficava claro que os jogadores do FC Porto iriam continuar a jogar no limite sobre estes adversários para lhes provocar segundos cartões amarelos e consequentes vermelhos. Contudo, no intervalo, o técnico alemão do Benfica, Roger Schmidt, resolveu avançar de uma assentada com três mudanças no seu “onze”, não por questões estratégicas, como viria a confirmar no final do jogo, mas tão só porque precisava de colocar em campo jogadores que não estivessem pressionados por estarem já “amarelados”.

Assim, saíram da equipa do Benfica Bah, João Mário e Enzo e foram chamados a jogo Gilberto, Neres e Draxler, ficando apenas em campo um “amarelado”, Aursnes, mas mesmo este a jogar numa posição diferente daquela a que estivera exposto no primeiro tempo. Acreditando na capacidade dos seus jogadores em manterem o plano de jogo, Schmidt retirava assim do radar da equipa do FC Porto os jogadores que poderiam estar mais fragilizados, continuando a jogar do mesmo modo no segundo tempo contra um adversário que, diga-se em abono da verdade, mesmo com 10 elementos nunca mostrou sem inferior ao Benfica. O certo é que a formação visitante conseguiu sempre defender a preceito o seu último reduto, aqui e ali cometeu alguns erros que causaram alguns calafrios aos adeptos benfiquistas mas que foram resolvidos por Vlachodimos e seus pares, e na frente era agora a vez de Rafa ter o apoio de um esclarecido David Neres que veio trazer frescura mas também mais capacidade de rasgo sobre a defesa portista.

Curiosamente, ao minuto 63', Draxler, que entraram ao intervalo, saiu agarrado à coxa esquerda, recorrendo Schmidt ao avançado Petar Musa, que passou a jogar mais próximo de Gonçalo Ramos no ataque à área de baliza de Diogo Costa. Sérgio Conceição, no FC Porto, fez entrar Véron por troca com Evanilson, mas pouco depois seria David Neres a rasgar na grande área do FC Porto pelo lado esquerdo, assistindo junto à marca da grande penalidade Rafa Silva que rematou para o fundo das malhas da baliza portista. O árbitro João Pinheiro, por indicação do seu auxiliar, ainda apontou uma hipotético fora de jogo de David Neres, mas rapidamente o VAR verificou que Neres estava mais de 50 centímetros em jogo e o golo foi mersdmo validado para o Benfica.

A partir daí, e já com menos descernimento, o FC Porto ainda tentou importunar Vlachodimos, mas voltaria a ser o Benfica a estar perto do golo num lance em que David Carmo esteve à beira de um autogolo, com Diogo Costa a retirar a bola alegadamente sobre a linha de golo, pormenor que o VAR terá visto mas que a transmissão televisiva nunca esclareceu sequer com uma única repetição do lance em que se pudesse avaliar a posição da bola relativamente à linha de baliza.

O segundo cartão amarelo e consequente vermelho ao portista Eustáquio revelou-se determinante
na forma como o Benfica passou a conseguir equilibrar e a espaços sobrepor-se ao FC Porto

Rafa Silva, escolhido pela Sport TV como o melhor elemento em campo, até não o terá sido, mas foi o autor do golo dos encarnados, foi o jogador (ele e David Neres) que mais dificuldades colocou aos defesas do FCPorto, percebendo-se uma nomeação que podia também ser perfeitamente atribuída a Aursnes, o verdadeiro “faz tudo” do Benfica

David Neres recebeu a bola no limite do fora-de-jogo e assistiu
para Rafa que fez o golo que daria a vitória ao Benfica

Num jogo em que Rafa marcou o golo decisivo, e em que o mesmo Rafa teve a melhor oportunidade de golo ao minuto 37 quando a bola foi ao poste direito da baliza de Diogo Costa e depois à trave por cabeceamento de Rafa para uma baliza escancarada, o Benfica acaba por ser um vencedor justo face a um FC Porto que só se poderá queixar dos seus erros e abusos. Bem mais frio e calculista, consciente de que o empate até poderia ser um bom resultado, Roger Schmidt encontrou a fórmula para um Benfica vencedor que está agora, à décima jornada, com seis pontos de vantagem (que na prática são sete) sobre o FC Porto, mantendo a invencibilidade agora já com 18 jogos oficiais cumpridos na presente temporada.

Do lado do FC Porto, para além da derrota, ficam algumas atitudes menos conseguidas, desde logo o duplo erro de Eustáquio nas entradas sobre Bah que lhe valeram os dois cartões amarelos em três minutos, mas também os protestos de Sérgio Conceição no final da partida, já depois do apito final do árbitro, que lhe valeram ainda assim o cartão vermelho directo exibido por João Pinheiro. Conceição, com a azia que lhe é conhecida sempre que perde, voltou a reclamar para a sua equipa a condição de ter sido “das três equipas a equipa mais competente, a equipa mais corajosa, a equipa que procurou mais ganhar o jogo de uma forma limpa.”

Sérgio Conceição, no final do jogo, numa intervenção de um minuto e meio, sem direito a mais questões, limitou-se a dar um murro na mesa e a dizer que o campeonato ainda não acabou. À décnica jornada, La Palice não diria melhor, mas para ser verdadeiro diria certamente também que o Benfica somou os três pontos, está agora com os tais seis pontos de vantagem sobre o FC Porto, e tudo porque o Benfica esteve melhor neste jogo e mereceu o triunfo.

Ao minuto 74' e já depois do golo do Benfica, Taremi
empurrou Gonçalo Ramos e viu a cartolina amarela do árbitro João Pinheiro

A já famosa azia de Sérgio Conceição voltou a manifestar-se como sempre acontece nas derrotas, tendo afirmado no final do jogo (e já depois de ter sido expulso pelo árbitro) que o FC Porto foi, das três equipas, a mais competente, mais corajosa e a que procurou mais ganhar de uma forma limpa

João Pinheiro apitou para final do jogo e no placard o resultado apontava
para a vitória do Benfica pela diferença mínima, fruto do golo de Rafa Silva

Restará referir que para este jogo, Sérgio Conceição escalou como titulares Diogo Costa; Pepê, Fábio Cardoso, David Carmo e Zaidu; Otávio, Eustáquio, Uribe e Galeno; Evanilson e Taremi. No banco de suplentes começaram a partida “do lado de fora” Cláudio Ramos, Marcano, Veron, Grujic, Rodrigo Conceição, Namaso, Wendell, Bruno Costa e Toni Martinez. Nota ainda para a presença nas bancadas do Estádio do Dragão de Pepe e João Mário, dois elementos que não puderam dar o seu contributo à equipa de Sérgio Conceição por lesão.

Já Roger Schmidt, o técnico alemão do Benfica, escolheu para esta partida como titulares Vlachodimos; Bah, Otamendi, António Silva e Grimaldo; Florentino e Enzo Fernández; João Mário, Rafa Silva e Aursnes; Gonçalo Ramos. No banco de suplentes sentaram-se Helton Leite, Gilberto, David Neres, Diogo Gonçalves, Ristic, Brooks, Musa, João Victor e Draxler. João Pinheiro, bracarense de 37 anos, foi o árbitro deste jogo, auxiliado por Bruno Jesus e Luciano Maia, tendo como VAR Tiago Martins auxiliado por Luís Godinho. O quarto árbitro foi Rui Costa.

No final do jogo os benfiquistas fizeram festa rija no balneário da equipa visitante no Estádio do Dragão, onde se contou a plenos pulmões o hino do Benfica com Rui Costa a juntar-se aos atletas dos encarnados para que a festa pudesse ser vista como a festa de toda a família benfiquista. Não há notícia que o FC Porto tenha cortado a água no balneário nem que tinha apagado a luz!

texto: Jorge Reis
fotos: Luís Moreira Duarte
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