Caro Paulo Bento, antes de mais não irei adoptar o tratamento por "tu" porque, apesar de até nos conhecermos, há distâncias e diferenças que até as nossas profissões impõem (ou deviam impor já que há muitos, entre agentes do futebol e jornalistas, que defendem o contrário e para quem o "tu cá tu lá" é uma banalidade). Ultrapassada esta questão, começo então por dizer que enquanto Portugal continuar com jogos por fazer neste Mundial, e mais do que isso, enquanto matematicamente for possível que a Nossa Selecção, orientada por si, possa seguir em frente na prova, serei o primeiro a apoiar, a transportar as cores da Nossa Bandeira, e a gritar por Portugal a plenos pulmões.
Neste país à beira-mar plantado, a velocidade com que se passa de besta a bestial ou vice-versa é fantástica. Depois de, há alguns dias, tudo ser possível, a derrota frente à Alemanha fez com que todos (ou quase...) colocassem tudo em causa. Nas televisões, nos jornais impressos ou online e nesse novo púlpito dos tempos modernos que resulta das redes sociais, tudo passou a ser posto em causa, desde as escolhas que fez para formar este grupo dos 23, porventura a tarefa mais difícil para que pudesse agradar num país em que existem 10 milhões de seleccionadores (contando comigo), até ao modo como foi preparada a chegada ao Brasil, com a passagem pelos Estados Unidos, ou mesmo o local escolhido em terras brasileiras, quase dando a ideia que em Capinas é Inverno e no resto do Brasil vive-se um Verão tórrido.
Críticas também as houve à forma como escolheu o "onze" frente à Alemanha, e ao longo do jogo eu próprio também não gostei, e tive oportunidade de o dizer, da forma como esperou para recompor a defesa da Nossa Selecção depois da expulsão de Pepe, com aquele cartão vermelho de miúdo mimado, frente aos alemães. Só que nada há a fazer quanto ao que já está feito e não adanta agora estar a apontar críticas quando se sabe que também vivemos num País em que, se de repente ganharmos aos EUA e ao Gana, esta Selecção voltará a ser o paradigma da perfeição e ai daquele que o critique a si, ou a algo que tenha a ver com a Turma das Quinas.
"Dêem o vosso melhor...
por nós... por Portugal!"
Vou por isso esperar e apoiar incondicionalmente a Nossa Selecção até Domingo, e apenas lhe peço que dê o seu melhor em benefício das cores lusas e de um País que, vivendo uma crise profunda, financeira mas também em muitos casos de valores, precisa que os jogadores que tem às suas ordens lhes dê alegrias e ânimo para tornar mais difícil o dia-a-dia daqueles que não têm emprego, ou que mesmo tendo-o não ganham para as necessidades básicas dos seus lares.
Frente aos norte-americanos, estarei também eu a torcer por uma vitória, num País em que espero que estejamos todos a puxar para o mesmo lado, sendo mais do que 10 milhões a vivermos um sonho de glória. Acredito que a vitória será certa, havendo depois que ter a mesma fé frente ao Gana, para alimentarmos o sonho jogo a jogo.
Críticas a fazer, certamente que as haverá, e muito terei a dizer-lhe mais tarde, acreditando até que dificilmente terei oportunidade de lhe dizer o que me vai na alma, esperando eu que me possa contrariar os meus pensamentos mais negativos com resultados práticos. Para já, porém, não há lugar a críticas mas apenas a um pedido, a si Paulo Bento, mas extensivo aos homens que irão para dentro do relvado: dêem o vosso melhor... por nós... por Portugal!
Jorge Reis
foto: Franscisco Paraíso/FPFEste endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.